quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Um ano de reocupaçao do território Guarani e Kaiowá Pyelito kue/Mbarakay e situação atual da comunidade


Informativo/Nota do Conselho da Aty Guasu Guarani-Kaiowá para o Governo e Justiça do Brasil

O objetivo deste informativo/nota do conselho da grande assembleia Guarani-Kaiowá Aty Guasu é explicitar a história e situação atual de vida dos integrantes das comunidades Guarani-Kaiowá do território tradicional Pyelito Kue/Mbarakay, localizada no município de Iguatemi-MS. Importa destacar que no dia 08 de agosto de 2011, uma parte dos territórios Pyelito Kue/Mbarakay, mais uma vez, foi reocupado pelas famílias extensas originárias destes territórios antigos. Assim, no dia 08 de agosto de 2012 completa um ano de reocupação da parte de território Pyelito Kue/Mbarakay. É importante ressaltar que os membros (crianças, mulheres, idosos,) dessa comunidade reocupante, no dia 23/08/2011, às 20h00min, foram atacados de modo violentos cruéis pelos pistoleiros das fazendas. Na sequencia, a mando dos fazendeiros, os homens armados passaram permanentemente a ameaçar e cercar a área minúscula reocupada pela comunidade Guarani-Kaiowá que este fato perdura até hoje, isto é, no dia 08/08/2012 completa um ano de isolamento total dos integrantes das famílias indígenas pelos homens armados, não permitindo a circulação dos membros da comunidade e nem deixam entrar nenhuma viatura oficial da equipe da saúde e da educação escolar ao acampamento Pyelito Kue/Mbarakay. Em resumo, os fazendeiros não deixam chegar à comunidade indígena nenhuma assistência. Em um ano, os pistoleiros que cercam o acampamento das famílias guarani-kaiowá, já cortaram/derrubaram 10 vezes a ponte móvel feito de arame/cipó que é utilizada pelas comunidades para atravessar um rio com a largura de 30 metros largura e mais de 3 metros de fundura. Apesar desse isolamento, cerco de pistoleiros armados e ameaça de vida constante aos integrantes indígenas, porém 158 comunidades indígenas reocupante do território antigo Pyelito kue (50 crianças, 50 mulheres 58 homens) continuam resistindo e sobrevivendo na pequena área reocupada até os dias de hoje (09/08/2012), um ano, aguardando a demarcação definitiva do território antigo Pyelito Kue/Mbarakay.  Esta exígua área reocupada em que estão 50 barracas indígenas, desde 08 de agosto de 2011, a extensão não passam de dois (02) hectares. Em decorrência de 03 ataques violentos praticados pelos fazendeiros contra dessas comunidades, isolamento e cerco de pistoleiros armados, em um ano, de fato já resultaram em 05 mortos (duas lideranças, 3 adolescentes) e há várias pessoas se encontram doentes com pernas e braços fraturados, resultantes dos ataques, agressões e torturas praticados pelos jagunços dos fazendeiros contra a vida desses indígenas (mulheres, crianças e idosos) do Pyelito kue/ Mbarakay.

É fundamental registrar que hoje no dia 09 de agosto de 2012, uma liderança de Pyelito Kue/Mbarakay por telefone narrou que há dias já se encontra uma mulher e dois jovens doentes na área isolada Pyelito Kue, que já comunicou a coordenação local da SESAI e FUNAI, mas não foi ainda socorrida essa mulher e jovens doentes. Disse: “Se não tiver jeito se não vier socorro ou medicamento certamente elas não vão resistir e mais uma vai morrer sem assistência médica”.      

Por fim, destacamos a seguir os depoimentos das duas lideranças já mortos de Pyelito Kue/Mbarakay: Rosalino Lopes, 50 anos que faleceu no dia 09 de dezembro de 2011 sem assistência médica. De modo similar, a liderança Kaiowá Adelio Rodrigues, 48 anos de Pyelito Kue/Mbarakay que também faleceu no dia 21 de julho de 2012 sem assistência medica, por conta de cerco de pistoleiros das fazendas. Há exatos dois anos eles eram atingidos por tiros e espancados, quando foram violentamente expulsos pelos jagunços. Com seu estado de saúde se agravando, já meio paralíticos, não aguentaram mais vindo a falecer na área reocupada Pyelito Kue/Mbarakay sem assistência médica, no Pyelito Kue/Mbarakay em que nasceram e ao qual retornaram juntos em 08 de agosto de 2011. Evidente que os dois líderes morreram pela sua terra tradicional, conforme disse antes de morrer. “Estou morrendo por causa de tekoha guasu território Pyelito Kue/Mbarakay em que nasci. Queria muito retornar viver em Pyelito kue com minha família. Tentei retornar, mas fui massacrado, judiado e vou morrer por Pyelito kue-Mabrakay. (Rosalino Lopes, 2011).

 “Se o Governo e a Justiça do Brasil não fazer justiça de verdade, todos os guarani e kaiowá morrerão igual eu”( Adélio 2012).   “Comunicam todos os parentes indígenas e autoridades federai e justiças do Brasil e do Mundo que a bala-tiro que recebi dos pistoleiros que está me matando”.(Rosalino Lopes, 2011 e Adélio Rodrigues, 2012).

Breve histórico

O grupo guarani kaiowá que ocupou a área Pyelito Kue/Mbarakay em dezembro de 2009 foi espancado, ameaçado com armas de fogo, vendado e jogado à beira da estrada em uma desocupação extra-judicial, promovida por um grupo de pistoleiros a mando de fazendeiros da região de Iguatemi-MS. Antes, em julho de 2003, um grupo indígena já havia tentado retornar, sendo expulso por pistoleiros das fazendas da região, que invadiram o acampamento dos indígenas, torturaram e fraturaram as pernas e os braços das mulheres, crianças e idosos. Ver: link no google: Fazendeiros da região de Iguatemi, no Mato Grosso do Sul, atacaram violentamente, no dia 23 de agosto de 2011, mais de 125 famílias de indígenas Guarani-Kaiowá, que haviam retomado suas terras tradicionais no dia 9 de agosto e estabelecido no local a aldeia Pyelito Kue/Mbarakay.

Contexto

Os Guarani e Kaiowa são hoje cerca de 50 mil pessoas, ocupando apenas 42 mil hectares. A falta de terras regularizadas tem ocasionado uma série de problemas sociais entre eles, ocasionando uma crise humanitária, com altos índices de mortalidade infantil, violência e suicídios entre jovens.


Tekoha Pyelito/Mbarakay, 09 de agosto de 2012.

Atenciosamente,
Conselho/Comissão de Aty  Guasu  Guarani e Kaiowá do MS.

0 comentários:

Postar um comentário